O Paradoxo do Saneamento como um Serviço Oculto

Na política há uma máxima que afirma que investir em saneamento é como enterrar votos, uma vez que os resultados deste investimento ficam enterrados e longe da percepção do eleitor.

Esta afirmativa, no contexto eminentemente político, pode até ter feito sentido em um passado recente, porém, a realidade está derrubando esta tese, a medida que a carência de serviços de saneamento tem emergido como um drama real e com impactos diretos e indiretos nas mais diversas áreas da vida cotidiana das cidades.

Já é muito conhecida a informação de que 1 dólar investido em saneamento economiza até 5 dólares com despesas em saúde pública. Seria este o único fator que motiva o investimento em infraestrutura de saneamento?

O cidadão que possui acesso digno aos 4 serviços de saneamento básico está garantindo: (i) acesso a água potável para o consumo; (ii) afastamento e tratamento adequado dos seus esgotos; (iii) gerenciamento ambientalmente adequado dos seus resíduos sólidos; e, (iv) convivência harmônica com os eventos hidrológicos extremos, através de equipamentos adequados de manejo de águas pluviais urbanas.

Estes serviços, se prestados com eficiência, conferem condições dignas de saúde para os cidadãos. No entanto, é possível correlacionar, ainda, uma série de outros benefícios econômicos e sociais para as cidades em geral.

A importância do saneamento.
A importância do saneamento.

O cidadão com acesso ao saneamento é mais produtivo e tem maior rendimento escolar, pois irá faltar menos ao trabalho e à escola por problemas de saúde, produzindo impactos no desenvolvimento econômico. Imóveis com acesso a saneamento são mais valorizados e cidades turísticas com saneamento atraem mais turismo. Logo, é notório que há um efeito multiplicador positivo desencadeado por bons serviços de saneamento.

 

 

Portanto, além de uma agenda civilizatória para as cidades, a implantação de sistemas de saneamento traz consigo ganhos econômicos e sociais para toda população. Para garantir o êxito na gestão destes serviços públicos, a implantação dos sistemas deve primar, em sua concepção, o correto alinhamento com os ambientes naturais, visando garantir os recursos para as próximas gerações. Os gestores devem incluir estas práticas em todas as pastas e setores da gestão pública.

Neste contexto, urge a necessidade de um planejamento com objetivos e metas que atendam ao anseio geral da sociedade e que estejam sob constante processo de revisão e melhoria contínua. Assim, a elaboração de bons projetos que analisem a problemática de maneira holística, antecipem os fatos e tragam medidas adequadas de controle, devem ser objetos de priorização dos gestores públicos.